Higienização e desinfecção de objetos, superfícies de contato e alimentos em domicílios em tempos de COVID-19
Desde a emergência da pandemia da COVID-19, que atingiu oficialmente o Brasil diante da notificação do primeiro caso no final de fevereiro deste ano, tem havido importante debate sobre a contaminação de objetos, superfícies e alimentos em ambiente doméstico, assim como sobre a descontaminação como medida de prevenção e controle da doença1,2.
Até o momento, sabe-se que a transmissão do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2)2 entre humanos ocorre, principalmente, através da interação pessoa-pessoa, mediante gotículas respiratórias expelidas por tosse, respiração, fala ou espirro de um indivíduo infectado (assintomático, pré-sintomático ou sintomático), que são, subsequentemente, inaladas por uma pessoa saudável3–5. Recentemente, discute-se a possibilidade de o vírus ser também transmitido por aerossóis produzidos por indivíduos6. Outra possível via de transmissão do vírus é o contato com objetos ou superfícies contaminados capazes de absorver, reter ou transportá-lo se as mãos que entraram em contato com tais superfícies forem levadas à boca, nariz ou olhos7–10. Contudo, apesar da atenção que tem sido dada a esta via de transmissão, as evidências sobre sua importância ainda são escassas e, no tocante à prevenção, tem prevalecido o princípio da precaução com base em conhecimentos sobre o vírus SARS-CoV-2 e outros similares.
Em condições ideais, o vírus pode persistir em diferentes superfícies por horas ou dias1,2. As superfícies mais propícias a esse tipo de transmissão incluem maçanetas de portas, botões de elevadores, celulares, suportes de transportes públicos, móveis domiciliares, embalagens de alimentos, entre outras7.
Tendo em vista a possibilidade da transmissão por fômites, a higienização e/ou a desinfecção dos objetos e das superfícies inanimadas tem sido intensamente recomendada como prática importante de controle e prevenção da COVID-19. Entretanto a escassez de evidências científicas e de informações confiáveis tem gerado dúvidas sobre a real importância desta via de transmissão e deixado a população insegura sobre como proceder em relação à higiene e à desinfecção do ambiente de contato em seu cotidiano. De toda forma, estudos estão sendo realizados e as conclusões são dinâmicas, podendo ser alteradas conforme novas evidências são apontadas.
A presente Nota Técnica foi elaborada por meio de uma cuidadosa revisão dos conhecimentos científicos disponíveis até o momento. As recomendações aqui trazidas são, portanto, preventivas e se apoiam na alta transmissibilidade da doença, na acentuada contaminação das superfícies e do ambiente, na biologia e no tempo de sobrevivência do vírus, a depender da superfície de contato11. Assim, justificam-se recomendações sobre a adequada higienização e/ou desinfecção do ambiente domiciliar, assim como de roupas, sapatos, alimentos e produtos diversos advindos do meio externo, no contexto da pandemia de COVID-19. De um modo geral, estas recomendações se aplicam às situações em que há circulação de pessoas fora do domicílio. Um item especial busca contemplar os cuidados que se deve ter com objetos e superfícies, quando há pessoas infectadas ou doentes fazendo o isolamento em casa.
São sugeridos produtos saneantes acessíveis – pelo mais baixo custo e maior disponibilidade no comércio – e que tenham baixa toxicidade e menor risco à saúde dos manipuladores e da população em geral. Além disso, pretende-se considerar a proteção do meio ambiente, ao promover práticas sustentáveis de higienização e/ou desinfecção nos domicílios.
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